segunda-feira, 4 de abril de 2016

Colistina inalatória x endovenosa para tratamento de pneumonias relacionadas à ventilação mecânica causadas por gram negativos multi-resistentes

Recentemente foi publicado um ensaio clínico randomizado que comparou o uso de imipenem + colistina inalatória versus imipenem + colistina endovenosa no tratamento de PAV (pneumonia associada a ventilação mecânica) causada por micro-organismos resistentes a múltiplas drogas (MDR). Referência: Abdellatif et al. Ann. Intensive Care (2016) 6:26

Estudos experimentais prévios apontam que a colistina inalatória alcança alta concentração no tecido pulmonar, possui melhor perfil de efeitos adversos e menor toxicidade sistêmica.

O diferencial desta publicação foi o uso isolado da colistina inalatória em um dos braços, e não adjuvante à colistina parenteral. Como objetivo, foi testada a eficácia e perfil de segurança do tratamento com colistina inalatória isolada versus endovenosa isolada, em ambos braços o tratamento durou 14 dias.

Foram incluídos 149 pacientes no estudo, em VM por >= 48h, fora de choque séptico. O desfecho primário foi a cura clínica ou bacteriológica no dia 14 e os secundários compreenderam incidência de insuficiência renal aguda, duração do suporte ventilatório com ventilação mecânica, tempo de estadia na UTI e mortalidade na UTI em 28 dias. Análise dos dados foi realizada por intenção de tratar.

Os resultados apontaram uma taxa de cura equivalente:  67.1 % no grupo inalatória x 72 % no grupo endovenosa (p = 0.59). Houve menor incidência de insuficiência renal aguda no grupo colistina inalatória (17.8 vs 39.4 %, p = 0.004), melhora da troca gasosa pela relação P/F foi verificada, houve encurtamento do tempo necessário para erradicação bacteriológica (9.89 vs 11.26 dias, p = 0.023) e ganho de uma média de 5 dias livres de ventilação mecânica. Sem diferença na mortalidade em 28 dias ou duração da estadia em UTI.

Este estudo traz novas possibilidades ao propor o uso de colistina apenas na forma inalatória, evitando assim a toxicidade da apresentação parenteral e alcançando taxas de cura semelhantes.