A hiponatremia (Na+ <= 135) é o distúrbios hidroeletrolítico mais prevalente nos pacientes internados em enfermarias e UTI. É um achado comum a diversas doenças e também um fator independente associado a pior prognóstico em alguns quadros clínicos como insuficiência cardíaca e cirrose hepática. A hiponatremia, geralmente
é hipotônica, exceto quando há solutos
efetivos no plasma. A hiponatremia hipotônica subdividi-se em hipovolêmica, euvolêmica
e hipervolêmica, de acordo com o volume extracelular
e a excreção urinária de sódio.
Até 1/3 dos pacientes clínicos com hiponatremia devem o quadro à Síndrome da secreção inapropriada de ADH (SIADH), que predomina nos pacientes euvolêmicos. O mecanismo da doença é atribuído à secreção inapropriada de ADH pela neurohipófise e hipotálamo em resposta a estímulos não osmóticos. Dentre as causas mais comuns estão:
1. medicações (20-30%) - lítio, carbamazepina, ciclofosfamida, fluoxetina, sertralina ou
outros inibidores seletivos da recaptação da serotonina, tiazídicos
2. neoplasias malignas (25-30%),
3. infecções de sistema nervoso central (~7%),
4. infecções pulmonares (~12%),
5. dor intensa (~10%)
6. eventualmente de origem idiopática (~15%) principalmente em idosos.
O diagnóstico geralmente é sugerido pelos critérios de Bartter e
Schwartz (1967). São atualmente os critérios essenciais: concentração urinária inadequada (Uosm >
100 mOsm/kg, com função renal normal)
para determinado nível de hiposmolaridade; euvolemia clínica, excreção aumentada de sódio urinário (>= 25-30 mEq/L) na presença
de ingesta adequada de água e sal; na ausência de outras causas de hiposmolaridade
euvolêmica: (hipotireoidismo, hipocortisolismo
e utilização de diuréticos).
O nível sérico de Na+ auxilia na investigação do quadro clínico. Níveis de sódio entre 125 e
135mEq/l, geralmente são assintomáticos ou apresentam
sintomas inespecíficos. Quando abaixo de 124mEq/l, podem surgir náusea, vômito, fraqueza e alterações mentais; se os
níveis situam-se abaixo de 120mEq/l pode ocorrer
crise convulsiva, encefalopatia, rebaixamento de nível de consciência e coma. A velocidade de instalação da hiponatremia é importante, quando <48h é considerada aguda e geralmente é sintomática.
O tratamento de casos agudos (<48h) e sintomáticos é baseado na reversão da causa de base, na restrição de fluidos(800-1000 ml/dia), soro hipertônico 3% e furosemida para aumentar a excreção de água livre. Em alguns casos mais difíceis uso de demeclociclina e fludrocortisona. A velocidade da correção em geral não deve ultrapassa 10 a 12 mEq/L a cada 12h, para alcançar o alvo de 135 mEq/L. A complicação mais temida da correção rápida é a síndrome da desmielinização osmótica do SNC, maior risco na ponte e bulbo (mielinólise pontina central)
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